Eficiência energética em edificações

Renato Soffiati Mesquita de Oliveira, membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP e coordenador do Seminário Tecnologia de Sistemas Prediais, realizou a abertura do segundo dia do evento, que compõe a primeira Semana da Construção SindusCon-SP. Os eventos virtuais e gratuitos no canal do YouTube do SindusCon-SP, reuniram os grandes seminários da entidade em uma semana com novidades dos setores de Estruturas, Instalações Prediais e BIM.

Segundo Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, vice-presidente do Sinduscon-SP, o setor da construção civil já debate os processos da eficiência energética em edificações, e está atento para fazer com que eles atendam às necessidades do governo, da sociedade e também da construção civil. Para o vice-presidente é importante ressaltar que o conceito ainda não era entendido como grande motor da sustentabilidade nas edificações como já acontece em outras regiões do mundo. “Em outros países, quando se fala em sustentabilidade, automaticamente o grande tema é eficiência energética. Não à toa o próximo Selo Procel envolverá emissão de carbono, uso racional de água, mudanças climáticas entre outras coisas”, afirmou.

Procel

Estefânia Mello detalhou etiquetagem energética e selo Procel

Quando tratou do tema “A etiquetagem energética e selo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) como estratégia de valorização dos empreendimentos residenciais”, Estefânia Mello, coordenadora pela Eletrobrás do Grupo Técnico para Eficientização de Energia em Edificações, do Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética presidido pelo Ministério das Minas e Energia no âmbito do Procel, destacou que a economia verde é protagonista no plano de recuperação econômica em diversos países e que o risco climático impõe uma recuperação de baixa emissão, redirecionando modelos de financiamentos globais. “A aposta mundial neste momento de ruptura é no crescimento da economia verde. Uma oportunidade para investimentos em eficiência energética e inovação, para viabilizar a recuperação econômica eficaz”.

Umas das iniciativas destacadas por Estefânia no setor de construção civil está no recém firmado convênio do SindusCon-SP com a secretaria do Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-002),para criar um Grupo de Estudo Permanente visando a elaboração e atualização de Normas Técnicas relacionadas à Eficiência Energética em Edificação (EEE), incluindo a tradução e adaptação de normas internacionais (família ISO 52.000), a criação de um site e um plano de manutenção do Grupo.

Entre os resultados do Procel 2020 (ano base 2019) estão R$ 3,15 bilhões de investimentos em ações de eficiência energética de 1986 a 2019 e 173,2 bilhões de Kwh de energia economizada no mesmo período. A coordenadora também demonstrou que o 1º Plano de Aplicação de Recursos (PAR) em 2017 e 2018 totalizou R$ 111 milhões em 20 contratos de prestação de serviços, 6 convênios e 2 chamadas públicas com 28 termos de cooperação técnica. Os projetos do segundo PAR estão em andamento e está em processo de contratação do terceiro PAR, que tem um volume de recursos da ordem de R$ 340 milhões.

O consumo de energia em edificações no Brasil é 52% da eletricidade faturada e dentro de edificações a maior parcela é na classe comercial e de toda a energia, as edificações consomem 15,4% do total do País. O atual cenário energético do Brasil registra um alto custo de energia, poluição da mátriz energética, alto consumo dos edifícios e incremento do uso de ar condicionado para garantia do conforto térmico.

O uso de energia em edificações está ligado a três momentos: energia consumida na fabricação de materiais de construção; durante a obra de elevação da edificação e energia consumida pelas atividades desenvolvidas na utilização do prédio; e, aquela destinada a prover aos usuários as condições de conforto necessárias à habitabilidade. “O setor da construção civil é um importante agente indutor de eficiência energética com impacto positivo no PIB”, reforçou.

Certificações de Eficiência Energética em Edificações

Entre as certificações em edificações promovidas pelo governo estão a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), que classifica a eficiência desde alcance A à E e também fornece a base técnica para o setor. Já o Selo Procel destaca os edifícios de alta eficiência, estimula o aumento da eficiência do setor e tem um amplo reconhecimento da população como um selo de qualidade.

Para obter o Selo Procel edificações residenciais são necessários quatro passos: obter a ENCE; Análise Documental, Outorga e Exibição, fase na qual o proprietário da edificação exibe o selo conforme o Manual de Identidade Visual. “A maior diferenciação do selo está justamente no setor da construção civil que passa a ter o beneficio da diferenciação de produtos no mercado, assim como a valorização da marca da empresa, redução dos custos de obra com o correto dimensionamento dos sistema da qualidade de projeto e preparação para o ambiente regulatório que está por chegar com melhoria nos regulamentos”, disse. Já o usuário se beneficia com a redução dos custos operacionais de energia e água e tem mais conforto ambiental e qualidade de ar interno além da valorização do imóvel.

Em relação às melhorias nos regulamentos, a arquiteta fez um apelo ao mercado para unir esforços para o desenvolvimento do estudo da análise de impacto regulatório e poder pontuar as reais necessidades do setor. “Investir em programas de EE no setor de edificações é mais vantajoso do que investir no aumento da oferta de energia”. Por fim, convidou aos interessados que façam parte da comissão de partes interessadas em EEE. As inscrições podem ser feitas por meio do email: airpbeedifica@eletrobras.com

Cases

Roberto Pastor Júnior diretor Técnico da Trisul S.A

Para se tornar a primeira construtora a conquistar o certificado Procel, Roberto Pastor Júnior diretor Técnico da Trisul S.A, ressaltou que além de qualidade, prazos e custos, a empresa tem como pilares a sustentabilidade, inovação e tecnologia.

Para obtenção do Selo, a nota mínima é de 4, e pelo menos uma classificação A nos três pré-requisitos: envoltório para o verão, inverno e aquecimento de água. O primeiro empreendimento certificado foi o Oscar Ibirapuera com 2 torres e com 56 unidades habitacionais etiquetados com 18% de economia de energia estimada em relação à média do mercado com sistema de aquecimento solar e a gás nas unidades da Torre 1 e Sistema de aquecimento solar e agás nas unidades além de aumento da área de ventilação no caixilho (dormitório). As duas torres tiveram a nota A.

O segundo empreendimento é o Athos Paraíso com uma torre com 38 unidades habitacionais etiquetadas com 17% de economia de energia estimada em relação à media do mercado. O projeto contou com sistema de aquecimento solar e a gás nas unidades e alteração da composição das paredes externas.

Já a futura sede da empresa conquistou selo Procel edificações comerciais na fase projeto. Neste caso são necessárias 3 classificações A: envoltória, iluminação e condicionamento do ar. O case teve 21% de economia de energia estimada em relação à média de mercado.

O representante da Trisul destacou entre os principais desafios: a definição do produto, a especificação dos equipamentos e a demanda dos prazos dos projetistas, a definição do sistema de aquecimento de água, os lançamentos, a implementação de todo o processo Procel internamente e a viabilização do Selo nos diferentes segmentos econômicos do mercado imobiliário. “Já os benefícios são os empreendimentos diferenciados no mercado, a valorização da marca, do imóvel, o aprimoramento dos procedimentos internos adotados nos projetos e a ratificação do compromisso da empresa com a sustentabilidade”, afirmou Pastor.

Fábio Villas Bôas, vice-presidente Institucional da Tecnisa S.A e coordenador do CTQ do SindusCon-SP

Enquanto ainda discutimos projetos com Eficiência Energética e outros requisitos ligados à sustentabilidade, já estão sendo desenvolvidas no mundo soluções que não consumam energia externa, os chamados edifícios autônomos, ou Net Zero Energy Building. “O Brasil é o 16º país do mundo ligado de geotermia e já existem uma série de programas funcionando ligados à hotelaria e parques aquáticos”, afirmou Fábio Villas Bôas, vice-presidente Institucional da Tecnisa S.A e coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP.

Em relação às energias alternativas, Bôas detalhou projetos com energia eólica, fotovoltaica, aerotermia, solar térmica, com estudos promovidos pela empresa nos últimos anos. Além disso, destacou edificações da empresa que já são Procel A e apresentam níveis de economias de cerca de 14% de energia, 10% de gás e 25% de água. “Consumimos menos para produzir menos”, afirmou.

Os paybacks dos sistemas de eficiência energética estão em cerca de R$ 230 mil por torre por ano, o que permitiria pintar o prédio inteiro a cada 3,5 anos sem que o condomínio tivesse custo adicional.  Em relação à revisão da NBR 15.575, Bôas pontuou as principais alterações nas propostas: mudança de dia típico de inverno e versão para carga térmica anual; preparação para mudança na NBR 15.220- parte 3 (revisão da proposta); alinhamento com o Procel e mudança no modelo computacional. “A revisão deve ir para consulta pública ainda esse ano provavelmente. As sugestões de mudanças foram feitas para que tanto as simulações quanto os cálculos realizados sejam aproveitados para a certificação”, afirmou.

Cenário

Vasconcellos Neto e Lamberts

A recuperação econômica verde alavanca empregos com os renováveis, o aumento do consumo cresce a cada ano proporcionalmente ao aumento da renda da população e a eficiência energética deveria estar sendo disputado entre o setor da construção e o de geração de energia. Esses foram alguns dos pontos focais apontados no debate por Roberto Lamberts, professor do Departamento de Engenharia Civil e do LabEEE – Laboratório de Eficiência Energética das Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina “O setor poderia ter muito mais investimento se produzisse edificações mais eficientes”, afirmou.

Precisamos alavancar o mercado de construções eficientes no Brasil e já temos a academia bastante engajada no programa, mas o setor da construção civil nem tanto, revelando um baixo volume de etiquetas emitidas por ser um programa voluntário. “O que esperamos do setor é um engajamento e uma maior participação de forma a revelar as barreiras que existem para que possamos planejar as melhores maneiras de superá-las”, concluiu

IoT

Fábio Dans, gerente de Gestão de Vendas e Serviços da Atlas Schindler

Fábio Dans, gerente de Gestão de Vendas e Serviços da Atlas Schindler apresentou o painel Solução digital integrando equipamentos e usuários em sistemas de transporte vertical: tecnologia Schindler Ahead para empreendimentos residenciais e comerciais.

De acordo com Dans, 47% dos empregos atuais desaparecerão em até 20 anos A Internet das Coisas vai estar incorporada em várias profissões em destaque no futuro, como arquiteto de realidade aumentada, conselheiro de robôs, guias turísticos espaciais, polícia virtual e agricultores verticais. Com muita tecnologia e soluções simples já são bilhões de coisas conectadas no mundo. Em 2020 serão 30 bilhões de coisas conectadas em um mercado que movimentará US$ 1,7 trilhão em 2020. O Brasil segue a mesma direção com 400 milhões de coisas conectadas em um mercado que movimentará US$ 7 bilhões.

Dans apresentou o Ahead TeleAlarm, serviço da empresa que permite a comunicação dos passageiros retidos na cabina com os especialistas do Contact Center, tranquilizando-os em situações de resgate 24 horas por dia sete dias da semana. “Com o acionamento do botão de alarme dentro do elevador automaticamente é realizada uma comunicação direta possibilitando que os especialistas da empresa atuem agilmente para direcionar rapidamente o chamado a um técnico, com prioridade imediata de atendimento, especialmente para condomínios residenciais, que cada dia mais tem porteiros virtuais”.

De acordo com o representante da Atlas Schindler, a pandemia mostrou quão importante os elevadores são nos condomínios residenciais porque as pessoas estão ocupando full time, eliminando os períodos de pico. Com a demanda enorme de compras na internet a utilização do equipamento tem sido constante e principalmente nesta fase o elevador deve estar a maior parte do tempo disponível para os usuários. As tecnologias ajudam muito nesse aspecto.

Perdeu? Assista 

Todas as palestras dos seminários da Semana da Construção estão disponíveis gratuitamente no canal do SindusCon-SP no Youtube.

Patrocinaram o evento: Atlas Schindler, Gerdau e Saint-Gobain.

Apoio: ABCIC – Associação Brasileira de Construção Industrializada de Concreto, Abece – Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural, Abesc – Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem, Abrava – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, ABNT, Abrinstal – Associação Brasileira pela Conformidade e Eficiência das Instalações, Apemec  – Associação de Pequenas e Medias Empresas de Construção Civil do Estado de São Paulo , Apeop – Associação para o Progresso de Empresas de Obras de Infraestrutura Social e Logística, ABNT CB-002 – Comitê Brasileiro da Construção Civil, CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção,  Ibracon – Instituto Brasileiro de Concreto, Fiabci-Brasil, Secovi -SP – Sindicato da Habitação, Sindicel – Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo, Sindinstalação – Sindicato da Indústria de Instalações Elétricas, Gás, Hidráulicas e Sanitárias do Estado de São Paulo.

Fonte: Sinduscon-SP