Foi o que preconizou Francisco Vasconcellos no seminário comemorativo dos 25 anos do Comasp
Todos os temas da construção sustentável estão colocados sobre a mesa e o contexto de parcerias entre entidades, construtoras, ONGs, academia e poder público será cada vez mais relevante para o avanço da sustentabilidade na construção. O desafio agora é trabalhar os temas da sustentabilidade no setor de forma conjunta, e seguir alicerçando-se em dados, em uma conjuntura favorável na qual há mais gente apoiando do que criticando as iniciativas de fomento à sustentabilidade na construção.
Estes foram os próximos passos para o avanço da sustentabilidade na construção, delineados por Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, vice-presidente do SindusCon-SP, no encerramento do seminário Estratégias para o Futuro da Construção Sustentável. O evento, em comemoração aos 25 anos do Comasp (Comitê de Meio Ambiente) do SindusCon-SP, lotou o auditório do Cubo Itaú em São Paulo, em 29 de maio.

Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, vice-presidente do SindusCon-SP
Na abertura do evento, Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP, lembrou que a criação do Comasp em 1999, pelo então vice-presidente e hoje conselheiro vitalício do sindicato Artur Quaresma Filho, provocou resistências: muitas construtoras não compreendiam a importância estratégica da introdução da sustentabilidade em seus empreendimentos e a sociedade via a indústria da construção como vilã do meio ambiente.
“O Comitê conseguiu quebrar a resistência do setor, provando que a sustentabilidade, além de preservar o meio ambiente, é um fator fundamental de competitividade para nossos negócios. Em paralelo, o Comasp começou a representar a construção nos grandes fóruns nacionais que tratam do tema. Realizou parcerias com governos e organizações da sociedade civil; e influenciou positivamente nas políticas públicas ambientais. Hoje o Comasp é reconhecido por seu trabalho e segue na vanguarda desta temática. Com isso, fortalecemos o papel da construção civil como protagonista na transição para uma economia mais sustentável”, destacou Estefan.
“Desta forma, nas pessoas de Artur Quaresma Filho e Francisco Vasconcellos, agradeço fortemente e me congratulo com todos aqueles que no SindusCon-SP, no governo e na sociedade, acreditaram no Comasp como instrumento para tornar a construção sustentável e inovadora”, concluiu.
Agradecendo, Vasconcellos salientou que “o trabalho persistente, técnico e altamente comprometido do Comasp foi e continua sendo extremamente relevante. Levamos adiante ações e produtos, muitas vezes de fácil implantação e outras nem tanto, graças às parcerias estratégicas realizadas com órgãos de governo, ONGs, universidades, entidades setoriais, e ao apoio constante de construtoras e incorporadoras de todos os portes.”
“Hoje estamos vivendo pautas ambientais importantíssimas, como as relacionadas à COP 30 e aos planos federais, estaduais e municipais de combate às mudanças climáticas. Ao lado de entidades como o Secovi-SP, a Abrainc e a CBIC, estamos diretamente envolvidos com os debates sobre a Taxonomia Sustentável Brasileira, e como ela irá impactar diretamente nossos negócios”, prosseguiu.
O vice-presidente afirmou que “a indústria da construção brasileira já tem indicadores de emissões de carbono muito menores que os dos países desenvolvidos, conforme ratificado por nossa calculadora CECarbon. Portanto, nossas metas de redução de emissões deveriam refletir esta nossa realidade, que nos coloca pelo menos dez anos à frente da indústria de construção de outros países. É como se já tivéssemos atingido metas previstas para 2035. Precisamos divulgar este nosso diferencial.”
Vasconcellos também agradeceu ao Green Building Council – GBC Brasil e à Saint Gobain Brasil, “parceiros fundamentais deste seminário, nesta caminhada para a construção sustentável”, aos palestrantes, debatedores, apoiadores e às equipes do Comasp – Lilian Sarrouf, Vanessa Dias e Gabriela Araújo – e do SindusCon-SP.
Gustavo Siqueira, vice-presidente Latam de Relações Públicas e RH da Saint-Gobain, reafirmou o compromisso da empresa com a construção leve e sustentável e a produção de materiais com menor impacto ambiental. Outra preocupação da empresa é com a formação de mão de obra qualificada para a execução corretas das soluções sustentáveis. A Saint Gobain também participará da COP 30, informou.
Em vídeo gravado para o evento, Renato Correia, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), congratulou-se com o SindusCon-SP e a Comasp pelo protagonismo no tema da construção sustentável, com produtos como a CECarbon – Calculadora de Consumo Energético e Emissões de Carbono para Edificações.
Homenagem a Quaresma
Na sequência, Estefan e Vasconcellos homenagearam Quaresma com uma placa. “Lá pelo final dos anos 90, quando você Quaresma falava que o SindusCon-SP deveria fazer algo relacionado à recuperação de terrenos contaminados, não imaginávamos o potencial que se abria para a nossa atuação por uma construção sustentável. Graças à sua iniciativa, formamos o Comasp, que nos anos seguintes iria prestar tantas e tão valiosas colaborações para esta causa. Daí nosso reconhecimento pela visão à frente de seu tempo, ao criar o Comasp”, afirmou Sidney Botelho, mestre de cerimônias.
Planos de ação climática
Moderado por Quaresma, o primeiro painel abordou o tema Planos de Ação Climática e de Energia: Diretrizes, Metas e Estratégias.
Mauricio Guerra, diretor do Departamento de Meio Ambiente Urbano da Secretaria Nacional de Meio Ambiente Urbano, Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima, afirmou ser testemunha da longa contribuição do SindusCon-SP à construção sustentável.
Ele alertou para os riscos à economia que advirão se a regulação do licenciamento ambiental for flexibilizada. Disse que o governo está empenhado em elaborar o Plano Clima, de mitigação das mudanças climáticas e de seus efeitos, que a seu ver deverão aumentar nos próximos anos. A meta é de redução gradual, até a neutralidade em 2050, o que exigirá combater o desmatamento, recuperar florestas e atuar sobre os setores que atuam no desenvolvimento urbano, o que implica reduzir as emissões de carbono da construção – o “resfriamento” das edificações e das cidades, e incrementar a infraestrutura verde.
O Ministério também desenvolverá o programa Cidade Verde Resiliente para implementar projetos de sustentabilidade e viabilizar os respectivos investimentos. Até dezembro, deverá sair uma proposta do governo federal de incentivo à construção sustentável. Também se estimularão os Planos Diretores na mesma direção. O SindusCon-SP participa ativamente dos debates e tem dado contribuições relevantes, afirmou Guerra.
O diretor do Departamento de Meio Ambiente ainda informou sobre a elaboração de mais dois programas: o Adapta Cidades, que trabalhará no planejamento climático nos municípios, e o Cidade Resiliente, para implantação de projetos de mitigação. Disse esperar que na COP sejam apresentadas soluções para o combate às mudanças do clima.
Marcela Nectoux, diretora de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, destacou a importância da sustentabilidade como eixo estratégico das políticas públicas. Informou que o Plano Climático do Estado de São Paulo deverá ser lançado nos próximos dias, na Semana de Meio Ambiente, e deverá estar sintonizado com os programas da União e dos Municípios.
Uma das estratégias para tanto – afirmou – são as ações com vistas ao Carbono Zero em 2050, com foco no setor de transportes. O plano ainda buscar integrar os eixos temáticos de saneamento, resíduos sólidos, despoluição da Bacia do Tietê e segurança hídrica, e conta com a participação do SindusCon-SP. O compromisso do governo estadual é ter estratégias para uma infraestrutura mais resiliente e menos impactante, com um sistema de recursos hídricos e padrões construtivos mais sustentáveis.
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Fonte: SindusCon-SP