CPR-SP – Cuidados no uso de gruas nas obras

Reunião também abordou gestão de segurança na construção da Linha 6 do Metrô

Os cuidados com o uso de gruas em canteiros de obras foram esmiuçados na 4ª Reunião On-Line do Comitê Permanente Regional do Estado de São Paulo (CPR-SP) sobre a Norma Regulamentadora (NR) 18 – Saúde e Segurança do Trabalho na Indústria da Construção, em 10 de junho. Outro destaque da reunião foi a apresentação do centro de controle digital de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) utilizado na construção da Linha 6 do Metrô de São Paulo.

O engenheiro mecânico Odirley Botelho abordou os cuidados com o uso de gruas em canteiros de obras, em montagem, desmontagem, ascensão, manutenção e inspeção. Ele chamou a atenção para a necessidade de se seguirem as normas como as NRs 11, 12 e 18, bem como as normas técnicas, e não somente as recomendações dos fabricantes. Recomendou o emprego de profissionais muito bem treinados para a operação.

Botelho chamou a atenção para o conhecimento adequado sobre os diversos tipos de gruas e de torres existentes, para possibilitar escolhas corretas e não superdimensionadas. A montagem merece atenção para o correto posicionamento do equipamento. Um planejamento da montagem com guindaste é relevante.

De acordo com o engenheiro, o projeto do bloco de base demanda a ação do engenheiro calculista, precedido de estudo sobre as características do solo. É preciso atentar se o manual do equipamento contém de fato as configurações da grua contratada, bem como cuidar da ascensão correta para evitar acidentes. Testes pré-carga são indispensáveis e requerem material disponível para tanto. O plano de carga é imprescindível para a segurança e a produtividade.

O especialista ainda recomendou conferir o estado da grua e a documentação do equipamento, laudos, manual, certificado. Para segurança, a comunicação entre o operador e o sinaleiro precisa ser feita em frequência fechada. Manutenções preventivas obrigatórias devem durar ao menos 3 horas, exigem um cronograma e que seja feita por técnico capacitado.

Controle digital da segurança

O engenheiro de Segurança do Trabalho Lucas Urbaneck abordou em sua apresentação o tema da implementação de novas tecnologias na gestão de SST da Acciona, no projeto de construção da Linha 6 do Metrô. Mostrou o centro de controle digital, que gerencia: sistema de monitoração da segurança do trabalho, um aplicativo com câmeras que mostram situações de risco, um sistema de prevenção de acidentes em tempestades, um sistema integrado para mapear e encerrar desvios que resultem em acidentes, relatórios de dados de inspeção, e plataformas de treinamento, de gestão de conhecimento sobre como evitar acidentes, e de inspeção à distância.

A empresa entrega aos funcionários o dispositivo Halo-Tech, que monitora a segurança no trabalho e aciona um alarme caso eles se acidentem. Outro sistema analisa imagens do canteiro por Inteligência Artificial e envia alarmes ao técnico de segurança sobre riscos detectados. As condições meteorológicas são acompanhadas e alarmes disparam, possibilitando a tomada de decisões em momentos críticos. O sistema Obra Soft emite check lists, facilitando o trabalho dos técnicos de segurança. Os celulares dos técnicos têm acesso a informações da plataforma de gestão do conhecimento. E um técnico da empresa em Madri, na Espanha, pode acionar remotamente a situação do canteiro em São Paulo.

Segundo o engenheiro, este conjunto de ferramentas não só evita acidentes, como conflitos com a produção e falsas informações, além de melhorar o desempenho dos técnicos de segurança. Nas reuniões semanais de planejamento das atividades do canteiro, a presença do técnico de segurança é obrigatória e assertiva. O pessoal da produção é convocado para ir semanalmente ao centro de controle de segurança do trabalho, para discutir procedimentos das próximas etapas das obras. Os técnicos motivam os trabalhadores a darem sugestões para melhorar a segurança. Um trabalho orientativo junto aos trabalhadores tem enfatizado os riscos de acidentes provocados pelo uso de celular na obra e por ingestão de álcool.

Outros temas

Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP e membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP, informou que a Comissão Nacional Tripartite Temática da NR 18 discutirá em 13 de junho a questão da segurança em máquinas autopropelidas.

Rosilene Carvalho, gerente do Jurídico do SindusCon-SP, apresentou o Programa de Qualificação Profissional mantido pelo sindicato em parceria com o Senai-SP, com cursos ministrados diretamente nos canteiros de obras. Destacou a recente solenidade de formatura que emocionou os trabalhadores. O programa está sendo ampliado mediante parcerias com a CDHU e a Comunidade de Heliópolis.

A reunião teve a coordenação de José Bassili, gerente de SESMT Corporativo do Seconci-SP (Serviço Social da Construção; Antonio Pereira, auditor fiscal do Trabalho e coordenador do Projeto da Construção da Seção de SST da Superintendência Regional do Trabalho (SRTb/SP) no Estado de São Paulo; Valdizar Albuquerque, Marcos Antonio de Almeida Ribeiro e Sebastião Ferreira. respectivamente presidente, vice-presidente e secretário geral do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho no Estado de São Paulo (Sintesp).

Pereira manifestou preocupação com o aumento de acidentes fatais na construção, e anunciou que o CPR de Ribeirão Preto será inaugurado no próximo dia 18, com a participação da SRTb/SP e o Seconci-SP.

Bassili relatou que está em andamento a campanha Falha Zero na operação de máquinas e equipamentos, realizada pelo Seconci-SP em todas as unidades da entidade no Estado de São Paulo.

Albuquerque, Bassili, Botelho e Pereira fizeram uma homenagem à memória do técnico de segurança Cosmo Palasio de Moraes Junior.

Fonte: SindusCon-SP