Saint Gobain fará piloto com o CTQ por melhora na logística

A realização de um projeto piloto entre a Saint Gobain do Brasil e o CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) do SindusCon-SP, com vistas à promoção futura de aperfeiçoamentos em logística e produtividade nas obras, foi definida em reunião virtual, que envolveu também lideranças da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), em 21 de maio.

Participaram do encontro os presidentes Thierry Fournier, da Saint Gobain; Odair Senra, do SindusCon-SP, e Henrique Mélega, da Asbea; os vice-presidentes do SindusCon-SP Eduardo Zaidan (Economia), José Romeu Ferraz Neto (Imobiliário e também presidente da Fiabci-Brasil) e Jorge Batlouni (Tecnologia e Qualidade); o vice-presidente da Asbea Edison Lopes (Institucional); e dirigentes da Saint Gobain como Renato Holzheim, diretor Geral de Produtos para Construção, e Paulo Perez, diretor de Projetos de Marketing do Habitat.

Além do projeto piloto, a Saint Gobain também irá promover webinars técnicos de informação e treinamento para as Regionais do SindusCon-SP, começando por Sorocaba, Campinas e Ribeirão Preto, por meio da nova plataforma digital da empresa, Parceiros da Construção.

Construção pós-pandemia

Fournier abriu a reunião afirmando que crises profundas como a provocada pela Covid-19 são os melhores momentos para se promover rupturas na indústria; no caso da construção, fazer avançar a construção a seco, a padronização e a sustentabilidade no setor. A Saint Gobain, prosseguiu, lançou um ecossistema digital, oferendo treinamento remoto, produtos, conselhos técnicos, aplicações, crédito, inovações e biblioteca BIM, entre outros serviços. Após uma retração em abril, as vendas voltaram a crescer em maio, informou.

À indagação de Fournier sobre como a pandemia impactará na construção, Odair Senra observou que na quarentena houve uma conscientização sobre a importância de se morar bem, o que abre uma oportunidade para a construção residencial, sobre a qual as construtoras e seus fornecedores deveriam trabalhar desde já. O presidente da Saint Gobain concordou, afirmando que o brasileiro finalmente entendeu a importância de cuidar da casa, de mantenibilidade, flexibilidade, acústica; uma oportunidade gigante, completou.

Eduardo Zaidan comentou que, com a queda nos salários e na renda, o mercado exigirá produtos baratos e com bom desempenho. Nesta perspectiva, propôs a criação de um projeto piloto entre o CTQ e a Saint Gobain, para que as construtoras recebam kits de montagem. Sem se referir a uma fabricantes específica, exemplificou com a necessidade de no canteiro se receberem kits de banheiros, em vez de dezenas de peças separadas. E citou como exemplo a possibilidade de montagem de centros de distribuição dos fornecedores dentro das obras. Fournier aprovou a criação do piloto que, a seu ver, poderá obter sucesso e ser estendido a todos os fornecedores, envolvendo a Asbea,

Jorge Batlouni considerou o momento ideal para se avançar na industrialização e aumentar a produtividade. Será necessário caminhar nessa direção, pois o desempenho do produto industrializado é conhecido, afirmou. Exemplificou com a inutilidade de se receber em um mesmo canteiro centenas de fechaduras com centenas de manuais para sua instalação. E sugeriu trabalhar-se pela montagem de fachadas na construção residencial.

Além de a construção avançar em logística e produtividade para vender produtos mais acessíveis, Zaidan preconizou a importância de se fortalecer o segmento habitacional popular de qualidade. Comentou que as moradias populares se transformaram em bombas biológicas, devido à facilidade de contaminação pelo coronavírus nesses ambientes.

Lacuna futura

Romeu Ferraz disse prever que, sem os lançamentos e as vendas no presente, haverá uma lacuna futura no ritmo da atividade, e possivelmente as vendas de insumos diminuam no ano que vem. O vice-presidente destacou que os canteiros de obras seguem funcionando. E elogiou o trabalho do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), que segundo ele está dando todo o suporte para a manutenção da saúde dos trabalhadores, aplicando testes rápidos de detecção de anticorpos aos coronavírus, coordenando um comitê permanente com o SindusCon-SP e o Sintracon-SP (reúne os trabalhadores da construção), e administrando os hospitais de campanha do Ibirapuera e de Heliópolis.

Fournier destacou a importância de as ações de combate ao coronavírus nos canteiros serem validadas pelas entidades dos trabalhadores. Ele lembrou que ainda não há uma decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal em relação à questão de a Covid-19 poder ou não ser caracterizada como uma doença ocupacional.

Henrique Mélega, da Asbea, registrou a retomada de projetos voltados ao turismo e preconizou oportunidades pós-pandemia para a construção e o segmento de reformas, como a adaptação das residências ao trabalho remoto. Ele destacou a importância de os escritórios de projetos receberem dos fornecedores dados de desempenho e boas bibliotecas em BIM (Modelagem da Informação da Construção). Frisou que, como consequência da crise, os produtos nacionais precisarão atender às exigências de desempenho, reduzindo a dependência dos importados. E sugeriu a elaboração de uma cartilha, mostrando comparativamente as vantagens de novos sistemas construtivos.

Concordando com a tendência de permanência do trabalho remoto pós-pandemia, Edison Lopes, da Asbea, também destacou as facilidades para tanto proporcionadas pelas ferramentas de reuniões virtuais e pelo comércio eletrônico. A adequação das residências para o home office com conforto já está ocorrendo, informou. Também previu início de obras em novos centros comerciais em 2021. E lembrou o caso dos fornecedores da indústria automobilística que trabalham dentro das montadoras, como exemplo para a mudança de logística nos canteiros.

Crescimento do BIM

Paulo Perez, da Saint Gobain, observou que o consumidor está mais conectado, utilizando cada vez mais serviços por internet. Previu que o BIM deverá crescer e que haverá demanda por produtos de construção com superfícies de fácil higienização; haverá mais obras de renovação de hospitais e industrialização fora dos canteiros de obras; e o conforto térmico e acústico, a modularidade e a sustentabilidade seguirão ganhando importância para a construção residencial.

Renato Holzheim, da Saint Gobain, apresentou o portal Parceiros da Construção e destacou a relevância de desenvolvimento do projeto piloto com o SindusCon-SP, avaliando-se seus resultados e como se pode prosseguir na busca de novas soluções.

O consultor Rodrigo Bussab lembrou que, além do CTQ, pode-se avançar no médio e longo prazo em outras frentes do SindusCon-SP, como o iCON Hub em termos inovação, e o MBA de Construção Civil da Fundação Getulio Vargas, em processos de gestão.

Fonte: Sinduscon-SP